Auxílio para a crise de 2015 no Brasil: proposições urgentes.

 A crise político-econômica de 2015 no Brasil nos coloca uma importante questão:

Podemos aceitar soluções para além do receituário neoliberal? 

Propomos como auxílio para a crise:

  • Gerenciar as instituições (hábitos, rotinas de conduta, pensamentos e costumes) no sentido de produzir valores industriais de parcimônia alocados em três culturas: Cultura da Poupança e Probidade, Cultura da Transparência e Cultura de Paz. Essas três culturas são fundamentais para atrair investimentos para a Renovação da Indústria Brasileira;
  • Estimular a Renovação da Indústria desonerando a importação estratégica de equipamentos tecnológicos, desburocratizando as transações comerciais e investindo na Economia Institucional como modo de produção de novos comportamentos como o altruísmo, o comportamento de esforço eficaz e o instinto pelo trabalho bem feito. Esse é um caminho para elevar os padrões das empresas no mercado e tornar o Brasil mais competitivo no cenário mercadológico.
  • Abrir o Poder Executivo e o Poder Legislativo à participação voluntária de cientistas, empreendedores, especialistas, técnicos, graduados e pós-graduados para organizar, arquitetar, liderar, executar e controlar um Plano Comum de Desenvolvimento Nacional com foco no crescimento e na sustentabilidade do setor industrial;
  • Educar para geração de conhecimentos, empreendimentos inovadores e consumos adequados ao desenvolvimento sustentável;
  • Educar para a construção de um ambiente equilibrado, cooperativo, construtivo, igualitário, solidário, inteligente, de trabalho diligente e socialmente saudável.

Como chegamos a essas proposições?

A crise de 2015 é em suma resultado da financeirização da economia onde a máquina pública está esgotando-se, pois tem existido prioritariamente em função do pagamento de juros – abandonando o desenvolvimento. Todas as outras coisas a não ser o atendimento das demandas dos financeiristas se tornaram cada vez mais secundárias ou terciárias: saúde, educação, transportes, meio-ambiente, cultura, etc.

A única solução que tem sido adotada para essa crise é o receituário neoliberal prescrito pelos países com status imperial onde tal conjunto de ideias surgiu. A política neoliberal já é conhecida por seu fracasso por todo o mundo. A política neoliberal chegou a um ponto que deu margem para a privatização do sol na Espanha e permitiu que empresas explorassem o sangue dos operários que é comprado na Escócia a partir de todo um mercado de dívidas dependente da falência dos moradores do leste de Glasgow(Reino Unido). Parece uma distopia científica, mas essa tem sido nossa realidade: poderão cobrar pelo sol e há um mercado apostando no endividamento das pessoas tirando até o sangue delas.

Considerando o status colonial que o Brasil ainda mantém em relação a outros países e a financeirização da economia que tem obliterado o desenvolvimento real do país. Defendemos que é preciso assumir que existe uma crise na indústria nacional e que a financeirização da economia somada a crise na indústria brasileira nos deixa vulneráveis aos países com status imperial que controlam as economias dos países subdesenvolvidos.

Por um lado, sabemos que precisamos industrializar o Brasil a partir do domínio das ciências e tecnologias, pois só com a independência tecnológica será possível alcançar independência política. Por outro ainda é preciso, mesmo que dentro da lógica do sistema de preços, fazer os cidadãos pouparem, porque essa reserva será aplicada no desenvolvimento industrial.

Mas quem está interessado em promover o desenvolvimento do Brasil? A classe dos politiqueiros, dos financeiristas e chantagistas certamente não está.

Não é por mera coincidência que um dos lemas tecnocratas é: “Não haverá lugar para politiqueiros, financieristas ou chantagistas”

Políticos, financeiristas e chantagistas vem atuando no seio do Estado por seus interesses e nada mais. Ao serem bem pagos podem defender interesses de uns e outros, mas acabam por defender os próprios interesses. Assim, os políticos, com raras exceções, tem extorquido os empresários e mentido para os eleitores e financiadores de campanha.

Por conseguinte há uma  inércia de movimentações contra as políticas de anti-desenvolvimento que pode ser atribuída também ao descaso com a esfera pública por parte dos próprios cidadãos operários, camponeses e burgueses. Precisamos fazer um “mea culpa”: Quantas pessoas você conhece que já foram pelo menos uma vez na vida em um câmara participar do processo de construção de políticas públicas? Aliás, você mesmo leitor – já foi? O dinheiro público e a coisa pública vêm sendo defendidos por poucos. Os defensores do capitalismo predatório querem que o Estado entregue todos os meios de produção através de privatizações e não aceitam nenhum tipo de regulação dos mercados. Inclusive nenhum tipo de regulação de mídias que financiam.

Em 02/02/2011 o jornalista Ilton Caldeira publicou pelo iG São Paulo: “Brasil não escapará de crise global em 2015” “A crise financeira internacional, que eclodiu no fim de 2008 e pegou em cheio as nações ricas, nem acabou. Mas a próxima turbulência global já tem data para acontecer: 2015. E desta vez, a crise atingirá principalmente os países emergentes, como o Brasil. Essa é pelo menos a opinião da consultoria Oliver Wyman Group, sediada em Londres”

Se experts já sabiam da crise de 2015  – então podemos nos questionar:

Por que a mídia de massa não apenas oculta informações estratégicas como também culpa um único partido por diversos dos males econômicos? Por que a mídia de massa isenta os demais partidos ligados a crise política? Seria a própria mídia de massa um braço armado desses partidos pela disputa em torno do poder?

Sabemos que a mídia de massa trabalha para aqueles que podem pagar por seus serviços. Em outras palavras: alguns poucos privilegiados. O governo não abandonou o desenvolvimento e já sinaliza que vai investir nas demandas reprimidas da infraestrutura (exemplo: a construção de ferrovias, rodovias, portos e aeroportos.). Isso é muito relevante, pois a imprensa mais capitalizada não tem dado o devido destaque a essas medidas.

Desinformação, ideologização, polarização de discursos e falta de consenso sobre soluções propostas aos problemas apresentados. Esse é o contexto cultural da crise de 2015.

Esperamos ter contribuído com informações e reflexões que ajudem a olhar para o fenômeno da crise político-econômica de 2015 com uma nova perspectiva que emerge como alternativa no contexto do cenário de poluição psicossocial da sociedade brasileira. Uma opção por defender uma perspectiva de superação da fase predatória do desenvolvimento econômico diagnosticada por Thorstein Veblen. Nomeamos essa perspectiva de perspectiva ecotecnocrata ou ecotecnocracia com bases que podem ser encontrados em Fundamentos.

Não hesite em comentar o texto: ele foi escrito para produzir reflexões.